O hidrogénio verde, produzido por eletrólise da água usando fontes de energia renováveis como a sol e o vento, desempenha um papel crucial na transição energética. Todavia, há ainda um caminho desafiante a fazer para produzir este novo vetor de energia limpa a uma escala industrial e a um custo aceitável. A Europa tem bons trunfos para o conseguir fazer com sucesso. Por iniciativa de uma série de institutos de investigação e tecnologia Europeus (RTOs), líderes na inovação e no desenvolvimento do conhecimento lançou-se um conjunto de propostas para conduzir a eletrólise para produção do hidrogénio verde a um patamar superior. O LNEG subscreve e apoia as propostas apresentadas.
Estas propostas são apresentadas no documento de posição ‘HySpeedInnovation‘, no qual se descrevem os desafios a enfrentar para alcaçar um aumento na escala de produção e como estas instituições de investigação em tecnologias (European Research and Technology Organisations ) se poderão articular e colaborar para enfrentar esses desafios e tornar a Europa líder na área da eletrólise de água para a produção de hidrogénio verde. A rede de institutos de investigação e tecnolohia inclui o TNO holandês, o Fraunhofer (IFAM e ISE) e o Forschungszentrum Jülich (IEK14), bem com o SINTEF norueguês e o CEA em França. Estas instituições também recomendam um papel de apoio à Comissão Europeia e às autoridades nacionais. Entretanto, outras instituições do conhecimento dos Estados-Membros da UE também aceitaram o apelo, tal como a rede Hydrogen Europe Research, que representa várias centenas de empresas e organizações no sector do hidrogénio.
Aumento significativo da capacidade de produção instalada
Um desafio enorme encontra-se na ampliação da escala das tecnologias atualmente disponíveis para as fábricas, para uma ordem dos GW, necessária para impulsionar a transição energética. Para a Europa, esse desafio reflete-se no Pacote Ecológico Europeu (Green Deal), que coloca o hidrogénio verde no topo da agenda política. A Estratégia Europeia para o Hidrogénio define a meta de capacidade instalada de eletrolisadores em 6 GW até 2024 e 2×40 GW até 2030 (40 GW na Europa e 40 GW nos países vizinhos), produzindo respectivamente 1 e 10 milhões de toneladas de hidrogénio por ano. Dezenas de bilhões de euros de investimento estão previstos para estimular este desenvolvimento. Várias estratégias nacionais para o hidrogénio, por parte dos Estados Membros europeus, também têm metas quantificadas para a capacidade a instalar de eletrolisadores para o horizonte de 2030, por ex. 6,5 GW na França, 5 GW na Alemanha, 3-4 GW na Holanda, 1 GW em Portugal e 4 GW na Espanha.
Conhecimento fragmentado e instalações
Os investigadores descrevem as vantagens e desvantagens das principais tecnologias nas quais os eletrolisadores atuais se baseiam e onde são necessárias melhorias. Isso envolve um bom equilíbrio entre custo, desempenho e sustentabilidade. Por exemplo, uma alternativa deverá ser encontrada para as matérias-primas críticas e para os metais raros, atualmente usados nos eletrolisadores. O método de produção, ainda em grande parte manual, também deverá tornar-se muito mais eficiente e barato.
O obstáculo mais importante a superar não é tanto técnico: a cadeia de fabricantes, seus fornecedores e as próprias instituições de conhecimento estão fragmentadas por toda a Europa, retardando assim as inovações necessárias para desenvolver uma nova geração de eletrolisadores. Também há falta de procura suficiente para o hidrogénio verde, em parte porque os seus custos ainda são muito elevados. Isso torna os modelos de negócios para aplicações em grande escala dependentes de incentivos governamentais.
Trabalho colaborativo e intensivo
Para apoiar e acelerar os desenvolvimentos necessários, os institutos de investigação e tecnologia europeus propõem-se a trabalhar em conjunto de forma mais intensa e coordenada. Para isso, foram identificadas as seguintes oportunidades: (i) ligar os laboratórios de hidrogénio; (ii) definir padrões de desempenho; e (iii) monitorizar o desempenho dos projetos piloto. Para cada oportunidade, foram identificadas ações que se enquadram nas responsabilidades dos RTOs da Europa.
Para atingir esses objetivos, os RTOs europeus pedem o apoio dos governos nacionais e dos decisores políticos da UE nos seguintes tópicos:
- Um programa financiado pela UE que visa facilitar o estabelecimento de uma infraestrutura coordenada da UE que permite a utilização e partilha de instalações de teste de eletrólise da água. Com o objetivo de apoiar (novas) indústrias e facilitar o acesso à cadeia produtiva.
- Um programa financiado pela UE que visa o desenvolvimento harmonizado de desempenho, segurança, sustentabilidade e padrões de qualidade, estabelecendo requisitos mínimos internacionais para (componentes de) eletrolisadores, por exemplo, conforme materializado no caderno de encargos.
- A implementação de uma política de Acesso Aberto para compartilhar dados agregados e aprendizados. Os governos devem tornar obrigatório o compartilhamento de dados e aprendizados de todas as pesquisas subsidiadas, demonstração e projetos de implantação.
No entanto, para cada oportunidade, alguns requisitos que estão fora da influência direta do RTO devem ser atendidos. É aqui que a responsabilidade dos decisores políticos a nível nacional e da UE é necessária para facilitar o esforço proposto.
Clique aqui para descarregar o documento de posição ‘HySpeedInnovation‘.