Na conferência realizada pela APREN, os participantes do painel consideraram que a aposta no hidrogénio verde apenas traz vantagens para Portugal. Porém ressalvam um aspeto: é necessária a cooperação entre o setor privado e público para que se beneficie ao máximo desta aposta.
Portugal tem reunidas as condições para liderar a nível internacional a produção de hidrogénio verde. Esta posição foi assumida de forma consensual entre os participantes no painel “H2: o caminho para a eletrificação direta e indireta”, da conferência da APREN “Portugal Renewable Energy Summit 2020“, realizada, esta quinta-feira, no Culturgest, em Lisboa.
“Portugal é um hostpot para a energia verde”, começou por referir Christian Pho Duc, administrador executivo da Smartenergy durante a sua apresentação inicial, argumentando que o mundo regista atualmente os níveis mais elevados de emissão de gases de efeitos de estufa (GEE) nos últimos três milhões de anos.
“Em Portugal a escolha já foi feita. A aposta no hidrogénio verde já existe”, referiu, acrescentando que a empresa suíça de energia tem atualmente quatro projetos em Portugal que têm como objetivo desenvolver a injeção de rede de gás, mobilidade e uso industrial.
Em representação da empresa francesa Voltalia, João Amaral considera que existe uma “vantagem competitiva” e condições favoráveis para a produção primária de hidrogénio.
“As infraestruturas e os incentivos são fundamentais, já existe uma estratégia nacional. Existem conduções”, referiu. “Mas acima de tudo, a aposta no hidrogénio vai passar pela coordenação e agilização de competências e criação de emprego”.
A coordenação para que a execução deste projeto seja feita de forma mais eficaz de objetiva foi também defendida pela presidente do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) que considera que “tudo isto tem a ver com cooperação entre o publico e privado”.
Durante a sua intervenção, Teresa Ponce Leão realçou a necessidade de olharmos para as “várias cadeias de valor a que o hidrogénio tem uso”, relembrando que esta é uma energia com várias facetas.
“O hidrogénio pode ser uma mais valia mas tem que ser avaliado de forma muito responsável. Sem se conhecer os impactos de forma muito detalhada ao longo de todo o projeto, podemos arriscar trazer consequências para o futuro”, argumentou.
Já o presidente da ADENE, defende que não só estão reunidas as condições, como agora é o momento ideal para avançar com esta aposta. Nélson Lage, considera que o “hidrogénio é uma aposta no presente a pensar no futuro” e que “não merece dúvidas”.
“É uma aposta que tem que ser feita com o envolvimento de todos os intervenientes do setor”, referiu, sublinhando que o interesse do setor privado será determinante para o rumo do hidrogénio em Portugal, por sua vez, na Europa.
O responsável pela entidade Agência para a Energia relembra ainda que o investimento nesta energia verde serve de “alavanca para atrair investimento no setor das energias renováveis”.
“O setor do hidrogénio vai criar um novo cluster a nível industrial”, afirmou. “Vai criar emprego, riqueza e industria. Há vontade politica, privada, já foram feitas internacionalizações e parcerias a nível europeu. O momento é agora”, vincou.
Esta quarta-feira, durante o primeiro dia da conferência, a Comissária Europeia para a Energia explicou que “Portugal apresenta condições favoráveis e competitivas para a produção de hidrogénio”.
Para Kadri Simson, o território português “tem a localização geográfica, elevada penetração de renováveis no sistema elétrico, tem produção de baixo custo” e procura desenvolver “cadeias de valor de produção de hidrogénio”.
A comissária da Estónia destacou o projeto conhecido por Green Flamingo idealizado para Sines com o objetivo de construir um eletrolisador com cinco gigawatts que vai produzir hidrogénio verde para exportar via navio para a Holanda, precisamente a partir de fontes renováveis: eólica e solar.
“É um grande projeto e gostaria de ouvir mais sobre isso durante a presidência de Portugal do Conselho Europeu a partir de janeiro”, afirmou Kadri Simson.
Fonte: Jornal Económico