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Resumo: No decurso do Carbónico Inferior depositaram-se na parte portuguesa da Faixa Piritosa Ibérica mais de 400 milhões de toneladas de sulfuretos maciços polimetálicos estratiformes, principalmente em Aljustrel, Neves-Corvo, S. Domingos e Lousal. Os depósitos são contemporâneos das fases finais de importantes episódios de vulcanismo félsico, explosivo e submarino, que tiveram lugar em centros vulcânicos individualizados, originando sequências litoestratigráficas diversas. Soluções aquosas metalíferas ascenderam através das rochas a muro dos jazigos, produzindo nesta marcada alteração hidrotermal e transportando os metais até perto da interface rocha – água do mar, onde estes precipitam sob a forma de sulfuretos. Os jazigos são portanto singenéticos, vulcanogénicos, exalativos e submarinos. Alguns são autóctones, enraizados em stockwerks que representam as zonas de ascenso de fluido mineralizante, enquanto outros foram redepositados depois de escorregamento pelas encostas de vulcões.Indícios da génese dos jazigos encontram-se nos depósitos em si, na alteração hidrotermal que acompanha os jazigos autóctones, na metassomatização que afecta as rochas vulcânicas e também nos sedimentos metalíferos siliciosos que acompanham as massas de sulfuretos.
Os elementos actualmente existentes sugerem, apesar de algumas dificuldades, que os jazigos se formaram, como consequência de metamorfismo hidroternal das rochas vulcânicas. A libertação da energia nelas contida e de possíveis câmaras magmáticas subjacentes, teria provocado a circulação convectiva de água do mar enriquecida de metais extraídos das rochas permeáveis, produzindo-se trocas térmicas e mássicas responsáveis pelas actuais composições espilíticas e quartzo-queratofíricas e também pelo aparecimento de fluido mineralizado derivado da água do mar enriquecida de metais extraídos das rochas.
Refluxo ascensional concentrado deste fluido e condições apropriadas nas zonas de descarga podem ter motivado a precipitação de grande parte dos metais, originando os depósitos de sulfuretos maciços e os sedimentos metalíferos e siliciosos que lhes estão associados, de acordo com gradientes térmicos, redox e do pH nas zonas de descarga. Contudo, não se pode excluir a possibilidade de uma contribuição de fluido magmático na origem do fluido mineralizante.
Resumo: Os depósitos do Carbonífero de fácies continental ocorrem em três áreas diferentes a saber:
- Vizinhanças do Porto. Entre Criaz (nordeste da Póvoa do Varzim) e Mioma (nordeste de Viseu) estende-se estreita faixa de terrenos carboníferos ao longo da qual é possível identificar afloramentos de diferentes idades: Criaz-Serra de Rates (Vestefaliano?), Casais-Alvarelhos (Vestefaliano C?), Ervedosa (Vestefaliano D superior) e Bacia do Douro que constitui a parte NW do afloramento Dúrico-Beirão (Estefaniano C inferior). Trata-se de bandas fortemente laminadas entre afloramentos de rochas do Paleozóico inferior. A presença de xistosidade é, igualmente, evidente. A Bacia Carbonífera do Douro que constitui a parte NW do afloramento Dúrico-Beirão contém camadas de metantracite.
- Bacia do Buçaco a norte de Coimbra. aflora com orientação N-S ao longo da falha Porto-Coimbra-Badajoz-Córdova que separa as zonas Centro-Ibérica e de Ossa-Morena. A série sedimentar inicia-se por depósitos de leque aluvial, induzidos pela tectónica, a que se seguem cerca de 40 m de depósitos de planície aluvial contendo uma flora fóssil cuja idade corresponde ao Estefaniano C mais superior. A série termina por depósitos fluviais.
- Bacia de Santa Susana no Alto Alentejo. Aflora, também com orientação N-S, ao longo da falha principal que separa as zonas de Ossa-Morena e Sul Portuguesa. A idade das formações corresponde ao Vestefaliano D mais superior. Faz-se a descrição geológica geral de cada uma das ocorrências citadas, em cada caso acompanhada da história das investigações anteriormente levadas a efeito.
Resumo: A actividade magmática Hercínica na Faixa Piritosa representa o estádio ígneo da evolução da Zona Sul Portuguesa, ocorrendo do Devónico superior ao Carbónico inferior.Os dados petrográficos e geoquímicos indicam que os litotipos vulcânicos mais frequentes, basaltos, andesitos e riólitos (dominantes), não são relacionáveis por processos de cristalização fraccionada.
As lavas basálticas mais antigas são toleíticas apresentando características químicas transacionais para os toleítos de arco insular (altos valores da razão LILE/HFSE), e são semlhantes a certos basaltos produzidos durante os estádios iniciais da expansão nas bacias marginais; para o topo da sequência vulcânica, as rochas máficas mostram enriquecimento significativo em elementos incompatíveis (Ba, Nb, P, Zr, Tr-leves), de tal modo que as lavas máficas superiores são basaltos alcalinos “intra-placa” típicos. Os modelos petrogenéticos da geoquímica de elementos menores e em traços, dos vários tipos de basaltos, demonstra que estes não podem ser simplesmente relacionados por processos de cristalização fraccionada. Mesmo envolvendo mecanismos de fusão parcial, são necessárias, pelo menos, duas fontes mantélicas distintas, para explicar as diferenças composicionais entre os diferentes tipos de basaltos.
Os resultados sugerem que as fontes mantélicas de onde derivaram os basaltos da Faixa Piritosa eram heterogéneas do ponto de vista químico e mineralógico.
A geoquímica dos elementos em traço das rochas andesíticas é consistente com a sua formação por fusão parcial (<10%) de uma fonte mantélica hidratada e enriquecida em terras raras leves (com composição semelhante à estimada para os basaltos toleíticos), seguida de graus variáveis de cristalização freccionada. As variações geoquímicas regionais são difíceis de conciliar com a hipótese de existência de uma zona de subducção, com polaridade para norte, sob a Zona Sul Portuguesa, durante a orogenia Hercínica.
A geoquímica de elementos em traço e isotópica, das rochas félsicas, sugere anatexia crustal.
Sugere-se que os vários tipos de rochas vulcânicas que ocorrem na Faixa Piritosa Ibérica, reflectem evolução geoquímica do manto superior sob uma (antiga) margem continental activa, bem como processos complexos de fusão parcial, durante os estádios iniciais de expansão numa bacia marginal ensiática.
Resumo: A Bacia do Douro constitui uma estreita faixa que se estende por cerca de 90 Km entre São Pedro Fins (a leste do Porto) e Mioma (a nordeste de Viseu). Na parte noroeste, a Bacia do Douro contém camadas de carvão exploradas na chamada Bacia Carbonífera do Douro. Áparte pequenas antigas explorações, duas áreas mineiras principais podem ser definidas: São Pedro da Cova, a Norte do rio Douro (hoje abandonada) e Pejão, a Sul do mesmo rio (única área em actividade hoje em dia).Estima-se que entre 1894 e a actualidade foram exploradas no conjunto da bacia cerca de 21×106 t de carvão. Hoje em dia, na falta de estudos estratigráficos e estruturais de pormenor, apenas se pode falar com seriedade de cerca de 5×106 t de reservas in situ, das quais se estima poder recuperar 3,7×106 t. Na continuidade do jazigo, em profundidade, podem ainda admitir-se recursos adicionais da ordem dos 3,5×106 t.
Resumem-se os estudos levados a efeito sobre o grau de incarbonização dos carvões da Bacia Carbonífera do Douro, os quais permitiram demonstrar que se trata de carvões altamente incarbonizados.
Discute-se, quer a classificação dos carvões durienses como metantracites, quer a importância do seu estudo para o conhecimento dos graus mais elevados da carbonificação através das relações entre parâmetros físicos e químicos de grau. Estabelecem-se curvas relacionando os valores médios do poder reflector máximo, mínimo e médio com o teor em carbono (s.s.c.). Também se estuda a relação entre a densidade e o teor em carbono (s.s.c.).
Resumo: O manto da Carrapateira ocupa a maior parte da área da Bordeira. O carreamento basal está bem exposto em algumas localidades e exibe amortecimento frontal. O estilo tangencial é tipicamente pelicular e a deformação interna do alóctone está claramente relacionada com a geometria do carreamento basal que funcionou como cisalhamento frágil-dúctil.O deslocamento no carreamento é provavelmente superior a 10 Km se se considerar a presença de um carreamento subaflorante inferido no antiforma de Aljezur. O mecanismo de instalação é provavelmente levantamento nas zonas internas e subcarreamento das zonas externas.
Resumo: A Zona Sul-Portuguesa constitui uma típica faixa de carreamentos pelicular no ramo SW do Orogéneo Hercínico Ibérico. As dobras e carreamentos mostram vergência para SW nos sedimentos e vulcanitos do Devónico superior e Carbónico. A idade de deformação e da deposição do Flysch é mais recente para SW e ambos os factos reflectem uma polaridade tectónica e paleogeográfica.Considerações geodinâmicas favorecem um modelo de abertura de uma bacia pós-arco desde o Devónico médio, cedo seguida por fecho e colisão entre os socos da Zona de Ossa-Morena e do ante-país a SW, preservando à superfície o prisma acrecionário da Zona Sul Portuguesa.
Resumo: Efectua-se uma revisão geral das plantas fósseis dos diferentes terrenos carboníferos portugueses de fáceis continental. Para cada uma das áreas estudadas apresenta-se uma lista de espécies identificadas e fazem-se comentários acerca das determinações. Ilustram-se, além disso, alguns dos táxones.Estabeleceram-se as seguintes datações estratigráficas: O afloramento de Criaz-Serra de Rates a norte do Porto apenas forneceu uma espécie cuja extensão conhecida vai do Vestefaliano médio ao Estefaniano inferior. O afloramento de Casais-Alvarelhos contém, por seu lado, uma flora não mais antiga que o Vestefaliano B, nem mais moderna que o Vestefaliano D superior, havendo elementos que permitem atribuir-lhe, como mais fidedigna, idade correspondente ao Vestefaliano C. A Bacia Carbonífera do Douro, a sudeste do Porto mas pertencente ainda mesmo à faixa que os afloramentos antes citados, contém uma flora cuja idade corresponde ao Estefaniano C inferior. A pequena mancha de Ervedosa, localizada paralelamente à Bacia do Douro, patenteia uma flora do Vestefaliano D superior. A Bacia do Buçaco, a norte de Coimbra, possui uma flora do tipo da do Rotliegendes inferior, com idade provavelmente correspondente ao Estefaniano C mais superior.
A Bacia de Santa Susana no Alto Alentejo contém uma flora de idade que se pode paralelizar com o Vestefaliano D mais superior. Todavia, não é de excluir a presença do Cantabriano mais inferior.
Resumo: Comparam-se as associações florísticas encontradas na faixa de idade Carbonífera existente nas proximidades do Porto e nas Bacias do Buçaco e de Santa Susana com as associações congéneres conhecidas nos terrenos de idade similar em áreas adjacentes de Espanha. Faz-se notar que as formações portuguesas não sofreram influência marinha. Com efeito, as referidas formações situam-se, todas, ao longo de importantes zonas e fractura e, bem assim, em todos os casos, parecem corresponder a bacias intramontanhosas. Isto, muito embora, o carácter intramontanhosos não se possa provar no caso das formações fortemente cisalhadas do Vestefaliano C (?) e D que ocorrem na região do Porto.Tal como seria de esperar em bacias intramontanhosas, as floras da Bacia do Douro (Estefaniano C inferior) e do Buçaco (Estefaniano C superior) patenteiam, ambas, elementos provenientes das margens da bacia (extra-basinal elements). Como tanto a Bacia do Douro como a do Buçaco se situam na Zona Centro-Ibérica efectuaram-se comparações com as floras do Estefaniano B superior de Puertollano, Província de Ciudad Real (La Mancha). Por outro lado, faz-se notar que existe uma assinalável diferença na composição das floras intramontanhosas que ocorrem no Estefaniano C inferior da Zona Centro-Ibérica e na bacia costeira da mesma idade na Zona Cantábrica (Noroeste de Espanha).
A associação florística que se encontra em Santa Susana é, talvez, mais similar às que ocorrem no Vestefaliano D superior da parte sudeste do País de Gales e nas áreas de Forest of Dean e de Bristol-Somerset em Inglaterra. Em Espanha não existem, contudo, depósitos desta idade na Zona de Ossa-Morena.