Descrição
Artigos
- A Mineralização Zn-Pb-Ag de Várzea de Trevões (NE Portugal)
J. M. Farinha Ramos ; M. Bernardo de Sousa (14 páginas)
Resumo: A mina de Várzea de Trevões é um exemplo de mineralização de sulfuretos (Zn-Pb-Ag-Cu-Sb) do Norte de Portugal. A mineralização ocorre em duas estruturas diferenciadas: predominantemente em filões quartzosos e, no seio de mármores silicificados, formando pequenas lentículas estratiformes. As rochas encaixantes (micaxistos, filitos negros, mármores silicificados e rochas cossilicatadas anfibólicas) enquadram-se na Formação Bateiras do Grupo do Douro (Câmbrico).Estes litótipos situam-se na auréola de metamorfismo de contacto induzido pelo granito de Paredes da Beira (predominantemente moscovítico, com turmalina). Indicam-se três etapas de mineralização:- de temperatura mais elevada, escassamente representada e caracterizada pela presença de sulfuretos arseníferos (com Ni) e blenda ferrífera;
- de temperatura intermédia, que originou abundante precipitação de blenda menos ferrífera, galena, calcopirite e sulfossais de Ag, Sb, Cu (Ni);
- brechificação da mineralização precedente e deposição de blenda de mais baixa temperatura, sença de blendas de composição diferenciada, escalonadas no tempo.
Destaca-se ainda a pouca relevância dos minerais de arsénio e a ausência de Bi e de outros minerais concentradores deste elemento em percentagens significativas, o que diferencia esta mineralização de outras do Norte de Portugal.
- Contribuição dos Encraves no Estudo Petrogenético dos Granitóides de Telões (Vila Pouca de Aguiar)
M. E. P. Gomes (16 páginas)
Resumo: Os granitos biotíticos de Telões fazem parte do maciço de Vila Pouca de Aguiar-Pedras Salgadas, bordo Sul, e são granitos tardi a pós-orogénicos, subaluminosos, em que se distinguem dois tipos: o granito da bordadura, granito de Souto, com encraves esporádicos e o granito hospedeiro, granito de Telões, que contém numerosos encraves de tonalito e granodiorito, metaluminosos a subaluminosos, e encraves metassedimentares, que é rodeado a Sul e a Oeste por aquele.As tendências de variação observadas para TiO2, Fe2O3t, MgO, CaO, Zn, Zr, Li, Li/Mg, Rb/Ba e Rb/Sr dos granitóides e Fet, Mg, Zn, Li, Fe2+/Mg e Li/Mg das suas biotites apresentam variações idênticas a séries de diferenciação magmática granítica e também foram encontradas em rochas híbridas. Contudo, F, Zn, Sr/Ca dos granitóides de Telões, embora mostrem variações curvilíneas regulares, têm comportamentos opostos aos de uma série de diferenciação magmática. Além disso o granito hospedeiro, de Telões, tem valores de Zr, Sr, Rb/Ba, Rb/Sr, somatório de Tr e anomalia negativa de Eu idênticos aos dos encraves, mas os valores mais elevados de P, F, Zn, Li e Rb encontram-se nalguns encraves, enquanto os valores mais elevados de Sr/Ca se encontram nos granitos. O granito da bordadura, de Souto, é o mais evoluído, com uma projecção de terras raras idêntica à dos outros granitóides, mas com anomalia negativa de Eu mais acentuada; contudo tem menos F, Zn e Li do que o granito hospedeiro, de Telões, enquanto a sua biotite tem idêntico F, mas muito mais Zn e Li do que a biotite dos outros granitóides. O granito hospedeiro, de Telãoes, e os encraves têm plagioclases mais cálcicas do que o granito da bordadura, de Souto, embora não haja uma variação regular no teor de An desde os encraves tonalíticos para o granito hospedeiro; têm biotites metamórfico-metasomáticas, enquanto o granito da bordadura tem biotite magmática, embora o granito hospedeiro afastado dos encraves tenha biotite magmática. Todos têm ilmenite como único opaco. Estes dados levaram a admitir que o granito hospedeiro e os seus encraves têm possivelmente uma origem idêntica, e serão rochas híbridas, enquanto o granito da bordadura será magmático, tendo resultado da fusão parcial de rochas metassedimentares, e ao ascender terá assimilado rochas regionais (sedimentos pelíticos com intercalações de mármores dolomíticos) sendo o maior grau de assimilação representado pelos encraves. O granito hospedeiro afastado dos encraves tem biotite magmática, o que leva a supor tratar-se do granito da bordadura contaminado junto desses encraves. Durante o processo de assimilação, terá havido efeitos metassomáticos que ocorreram particularmente nos encraves e levam a que tenham os teores de P, F, Zn, Li e Rb mais elevados. A instalação do magma granítico terá tido lugar a cerca de 700°C e terminado a sua cristalização a cerca de 450°C-580°C. O granito da bordadura tem valores de fO2 mais elevados (10-15 bars) do que os encraves e o granito hospedeiro ( 10-18 – 10-16 bars). Log (fH2O/fHf) e log (fHCl/fHf) do granito da bordadura são genericamente inferiores aos dos encraves e granito hospedeiro, enquanto os valores de log (fH2O/fHCl) são superiores e mostram tendência de aumento regular desde os encraves tonalíticos para o granito da bordadura. - Geochemical Patterns of the Granitoid Rocks from the Northwest of Portugal
J. M. Santos Oliveira (20 páginas)
Resumo: Tomando como base a Carta Geológia 1:200000 dos SGP (Folha nº1) investigou-se o comportamento geoquímico das rochas granitóides (maioritariamente de idade hercínica) que ocorrem na região. A análise dos elementos maiores e de um cortejo de elementos-traço seleccionados, permitiu caracterizar os grandes grupos de granitóides e atribuir-lhes uma assinatura geoquímica própria.As rochas gnaissicas pré-orogénicas e hercínicas precoces têm carácter sílico-potássico e apresentam-se empobrecidas em elementos de maior mobilidade química, como F, Li, U e Zn. Os granitos de duas micas caracterizam-se por por enriquecimentos em Si, Al, B, Rb e (Ta) que denotam a existência de interferências de materiais pelíticos pré-existentes (estas rochas são consideradas por vários autores como granitos do tipo-S). Outro grande grupo, o dos granitóides biotíticos com plagioclase cálcica, é definido por enriquecimento em Ca, Mg, Ti, Mn, P, Ba, Sr, Zn, F, (Y), (W), (Sn) e (Nb). Ao contrário do grupo anterior, são visíveis linhas de diferenciação magmática. Os granitos biotíticos cristalizados tardiamente em relação às fases de fracturação frágil tardi-hercínicas (representadas principalmente pelos maciços do Gerês, Castro Laboreiro e Monção) são definidos por maiores concentrações químicas em Si, Na e Y e por empobrecimento em H2O, P, Ba, Sr, Zr, V, Cu, Zn e F relativamente aos granitos biotíticos referenciados anteriormente. Os teores elevados em Y podem estar relacionados com a génese que é atribuída para estas rochas (origem magmática). - Les Elèments du Groupe du Jbel Moussa (Chîne Calcaire, Rif, Maroc): Évolutions Stratigraphique et Géodinamique au Cours de Jurassique-Crétace
Khalil El Kadiri ; Assuncion Linares ; Frederico Oloriz (22 páginas)
Resumo: As séries reduzidas Jurássico-Cretácico de fácies com radiolários e «ammonito-rosso» do Grupo de J. Moussa são datadas de modo directo pelas amonites, radiolários e calpionelas. Elas foram submetidas a um ensaio de análise ritmo-estratigráfico. Verificou-se que o conjunto do grupo de Jbel Moussa foi submetido durante o Liásico, a uma evolução do tipo Dorsal interna (calcários brancos compactos do Hetangiano/Sinemuriano carsificados durante o Carixiano, «ammonito-rosso» do Domeriano-Toarciano). A partir do Dogger e até ao Senoniano superior apenas as áreas oriental e meridional do Grupo (Ras Léona, J. Moussa oriental, J. Fahs) conservam uma evolução do tipo interno marcada durante este intervalo por dois longos períodos de emersão-carsificação; um durante o Dogger-Malm p. p., outro abrangendo a maior parte do Cretácico. A parte ocidental (Taoura, Juimãa, Moussa central e ocidental) conhecida então, durante o Dogger-Malm, uma sedimentação com radiolários e durante o Titónico p. p., – Berriasiano uma deposição de margas e de calcários alodápicos com Aptychus, fácies tipicamente externas.A organização do conjunto do Grupo de J. Moussa traduz o funcionamento duma margem continental instável com basculamento duplo, tanto na direcção do domínio externo do rift, como na do domínio bético, para o qual o grupo representaria uma componente meridional. A evolução desta última é o resultado do acidente de Gibraltar que dissimula, desde o Liásico a ligação entre a placa de Alboran e a Europa. - Magmatismo Orogénico Varisco no Limite Meridional da Zona de Ossa-Morena
José F. Santos ; A. A. Soares de Andrade ; José M. U. Munhá (34 páginas)
Resumo: No sector ocidental da Unidade de Odivelas o Maciço de Beja compreende uma sequência litológica que inclui (de sudoeste para nordeste): rochas plutónicas acumuladas, a zona marginal da intrusão plutónica, complexo filoneano básico-intermédio e complexo vulcânico básico-intermédio.Nesta última subunidade existem intercalações carbonatadas com fauna do Givetiano/Frasniano. Os acumulados são adcumulados e mesocumulados gabróicos com olivina e a química mineral indica incremento da razão Fe/Mg no sentido do contacto com as subunidades hipabissal/extrusiva; localmente, este contacto é marcado pela presença de rochas dioríticas (muito heterogéneas) que deverão ter resultado da mistura (imperfeita) de diferentes magmas. As rochas dos complexos hipabissal e extrusivo sofreram intenso metamorfismo hidrotermal na fácies dos xistos verdes e anfibolítica. Tratam-se de (meta) doleritos, microdioritos, basaltos, andesitos basálticos e andesitos com as seguintes características geoquímicas: Nb/Y < 0,31 (geralmente < 0,1 nos metabasitos), TiO2 < 1,34%, Cr < 45 ppm, Ni < 25 ppm (excepto em rochas muito porfíricas) Zr/Nb > 15,6 (média de 33,6) e perfis de teores de elementos incompatíveis (normalizados relativamente ao manto primordial) com enriquecimento relativo em Th e fortes anomalias negativas em Nb. A utilização de diagramas discriminantes indica que as rochas filonianas/vulcânicas variam desde toleíticas (Alfundão-Peroguarda) a calco-alcalinas (Odivelas-Penique) e apresentam grandes semelhanças com os vulcanitos dos arcos magmáticos (orogénicos) recentes. As sequências vulcânicas estudadas evidenciam a existência de uma margem continental activa no bordo sudoeste da zona de Ossa-Morena desde o Devónico médio/superior; o processo de subducção teria induzido a abertura de uma bacia marginal (pós-arco) representada actualmente pelo ofiolito de Beja-Acebuches. - Magmatogénese de Metavulcanitos Câmbricos do Nordeste Alentejano: os estádios iniciais de «rifting» Continental
J. Mata ; José M. U. Munhá (30 páginas)
Resumo: Nos meta-sedimentos do Câmbrico inferior e médio da região de Elvas-Alter do Chão são características as intercalações de rochas de rochas metavulcânicas máficas e félsicas. As lavas máficas do Câmbrico inferior são toleíticas e empobrecidas em elementos incompatíveis [Zr/Nb=18-37; (La/Yb)cn=0.8-1.8] enquanto que as lavas máficas do Câmbrico médio são alcalino-transacionais, apresentando padrões de elementos incompatíveis [Zr/Nb=5.4-10.5; (La/Yb)cn=5.5-12.1] típicos de basaltos intra-placa.A modelação petrogenética demonstra que estas heterogeneidades geoquímicas reflectem composições distintas das fontes mantélicas de tais magmas. Tanto no Câmbrico inferior com no Câmbrico médio a actividade magmática apresenta forte carácter bimodal. No Câmbrico médio tal deve-se à presença de rochas peralcalinas (traquitos, micro-sienitos, micro-granitos) que se terão gerado por cristalização fraccionada dos magmas representados pelas rochas máficas a que se associam temporal e espacialmente. No Câmbrico inferior assinala-se a presença, quer de riólitos antécticos, quer de rochas riolíticas, possivelmente geradas por fraccionação extrema (acompanhada por assimilação crustal?) dos magmas máficos contemporâneos. A ocorrência no Câmbrico inferior de toleíticos associados a riólitos crustais, bem como as características de sedimentação contemporânea, apontam para uma situação paleogeográfica típica dos estágios iniciais de rifting intracontinental. A subsequente migração do eixo do rift e o consequente decréscimo na taxa de fusão parcial, resultou num aumento da contribuição do manto fértil (metassomatizado) na produção magmática o que explicará o carácter enriquecido das rochas máficas do Câmbrico médio. O episódio de rifting desenvolveu-se, principalmente, ao longo do acidente Tomar-Badajoz-Córdova, sendo considerado do tipo passivo e resultante da reactivação da zona de sutura originada quando da acreção continental Proterozóica. Neste contexto, é também discutido o significado das afinidades geoquímicas de outras ocorrências de metavulcanitos no Paleozóico inferior da Zona de Ossa-Morena que se terão gerado em situação «off-axis». - O Espólio Arqueológico da Lapa do Saldanha – Pernes
Júlio Roque Carreira ; João Luís Cardoso ( páginas)
Resumo: Neste artigo estudamos os materiais arqueológicos conservados no Museu do Serviços Geológicos de Portugal, recolhidos no século XIX, por Carlos Ribeiro numa gruta em Pernes (Santarém). Trata-se de um pequeno conjunto de que nos permitimos destacar a presença de cerâmica campaniforme incisa. - Otaina Magna n. gen., n.sp., Foraminifère Nouveau du Kimméridigien du Portugal
Miguel M. Ramalho (6 páginas)
Resumo: Descreve-se Otaina magna n. gen., n. sp., lituolídeo bentónico, amobaculiforme, provavelmente dimórfico, caracterizado por um estado inicial enrolado, estreptospiral, passando a desenrolado, de secção arredondada, com abertura crivada e câmaras com estrutura interna complexa. Esta é composta por excrescências pedunculadas de dois tamanhos, que revestem as paredes e os tabiques das câmaras. A ausência de rede subepidérmica justifica a criação deste novo género, que apresenta afinidades com Spiraloconulus/Limognella, Torremiroella e Martiguesia. O magma ocorre em vários pontos do centro e sul de Portugal, em níveis atribuídos ao Kimeridgiano superior, depositados em ambiente marinho interno (lagunar), de pequena profundidade e de baixa energia, geralmente associado a um conjunto diversificado de outros foraminíferos e dasicladáceas. - Salt Tectonics in the Algarve Basin the Loulé Diapir
Pedro A. G. Terrinha ; M. P. Coward ; A. Ribeiro (8 páginas)
Resumo: A cartografia em mina subterrânea do diapiro salífero de Loulé, localizado na Bacia do Algarve (SW da Península Ibérica, S de Portugal), revelou a existência de três fases de deformação, nítida e cronologicamente independentes. O sal, interestratificado com chertes, apresenta dobras e cavalgamentos com vergência para Sul, posteriormente cortados por filões básicos que se encontram apenas deformados pelas segunda e terceira fases de deformação.A primeira fase de deformação é provavelmente de idade Dogger, resultando de um movimento descendente de sal, numa superfície inclinada, durante uma fase de distensão em tectónica de blocos crustais falhados; esta fase originou dobras deitadas e cavalgamentos sub-horizontais com vergência para Sul. A segunda fase data possivelmente do Cretácico superior-Terciário inferior e está relacionada com a ascensão vertical do sal, separadas por cisalhamentos em materiais detríticos. A terceira fase é de idade terciária e quaternária, originando cavalgamentos dúcteis a frágeis. - The Influence of the Guadalquivir River on Modern Surface Sediments Diatom Assemblages: Gulf of Cadiz
Fátima Abrantes (10 páginas)
Resumo: Com o intuito de testar a hipótese de que a produção primária induzida por «upwelling» e por decarga fluvial pode ser distinguida com base na associação de diatomáceas preservada nos sedimentos, realizou-se um estudo quantitativo da abundância e composição de diatomáceas presentes nos sedimentos superficiais do Golfo de Cádis. A importância para a produtividade primária dos nutrientes introduzidos pelos rios ou nas zonas costeiras está claramente reflectida pelo modelo de distribuição das diatomáceas.Na área adjacente à foz do rio Guadalquivir, a abundância de diatomáceas é da mesma ordem de grandeza dos valores encontrados na costa nordeste de Portugal, uma região caracterizada por «upwelling» sazonal. Relativamente à composição das associações, a espécie Thalassionema nitzschioides aparece como a espécie dominante na zona sudoeste portuguesa, uma região caracterizada pela ocorrência ocasional de upwelling, enquanto que nas áreas de upwelling intenso e/ou persistente, a associação é dominada pelo género Chaetoceros. Estes resultados indicam que o estudo das associações de diatomáceas nos sedimentos permitirá apenas distinguir entre situações de upwelling intenso e/ou persistente e situações de upwelling ocasional ou produtividade causada por descarga fluvial.
Contacto
Email: venda.publicacoes@lneg.pt
Telefone: + 351 210 924 635