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tomo-89-2002

Tomo 89 (2002)


Tomo 89 (2002)Categoria: Publicações, Comunicações Geológicas, 2000 a 2009
Data de publicação: 25 setembro, 2019

15.90

O preço inclui IVA à taxa legal em vigor.

Descrição

Artigos

1. A Zona de Falha Penacova-Régua-Verín na Região de Telões (Vila Pouca de Aguiar); Alguns Elementos Determinantes da sua Evolução em Tempos Tardivariscos
J. Lourenço ; A. Mateus ; C. Coke ; A. Ribeiro (18 páginas)
Palavras Chave: Zona de falha Penacova-Régua-Verín; condições P-T de deformação; fracturação tardivarisca; levantamento crustal tardivarisco.

Resumo: a região de Telões, a zona de falha Penacova-Régua-Verín (ZFPRV) comporta diversas famílias de planos subverticais de movimento, salientando-se, em termos de predominância relativa, as de direcção compreendida entre N-S e ENE-WSW. Excluindo os critérios de movimento imputáveis a eventos de reactivação alpina, verifica-se que os devidos a deslizamento precoce são registados pelo crescimento orientado de dois tipos fundamentais de agregados de quartzo: (1) quartzo cinza-azulado, manifestando endurecimento variável; (2) quartzo leitoso, geralmente isento de manifestações ópticas denunciadoras de cedência plástica intracristalina. Os critérios cinemáticos preservados por estes agregados siliciosos transcrevem, na sua essência, a movimentação adquirida pelos vários planos de falha durante a sua propagação/reactivação em tempos tardivariscos: predominantemente direita em estruturas N-S a NE-SW; essencialmente esquerda nas descontinuidades suas conjugadas E-W a ENE-WSW. Com base nos dispositivos geométricos obtidos infere-se uma trajectória de compressão máxima sub-horizontal de rumo (ENE-WSW) – NE-SW. A análise das principais transformações mineralógicas e texturais, experimentadas pelos granitos junto aos planos de falha com cinemática direita que, em conjunto, formam o alinhamento N 40º E Pedras Sarnosas-Bouça do Rio, revela que parte significativa desta evolução ocorreu em regime de deformação transicional semifrágil-frágil, inicialmente sob condições P-T inferiores a 3 Kbar e entre 300º e 350º C; os principais incrementos de reactivação tardivarisca desenvolveram-se em regime frágil sob temperaturas menores que 250º C e pressões abaixo de 2,5 Kbar. Estas conclusões são compatíveis com os resultados recentemente obtidos para muitos outros domínios do Terreno Ibérico, reforçando a convicção de que o desenvolvimento da fracturação tardivarisca se processa fundamentalmente durante o levantamento crustal rápido a moderado ocorrido após o Westefaliano.

2. Actividade Neotectónica na Região do Algarve (S de Portugal)
R. P. Dias ; J. Cabral (15 páginas)
Palavras Chave: Algarve, neotectónica, movimentos verticais, falhas activas, estruturas activas, paleossismitos.

Resumo: O enquadramento tectónico da região do Algarve, situada junto à margem continental oeste-ibérica, em transição para uma fronteira de placas convergente, e próximo da zona de fractura Açores-Gibraltar, explica as actividades tectónica e sísmica significativas que se verificam na região. A actividade tectónica regional plio-quaternária é evidenciada por deslocamentos verticais da crosta e por numerosas estruturas activas identificadas às escalas macro e mesoscópica, representadas por alguns dobramentos e por abundantes fracturas (falhas e diaclases). Diversas estruturas que afectam os sedimentos plio-quaternários foram interpretadas como paleossismitos. Algumas destas estruturas resultam provavelmente de vibrações relacionadas com a ocorrência de sismos fortes distantes, mas a proximidade de muitos dos sismitos a falhas activas conhecidas sugere a sua relação com eventos de magnitude moderada a elevada (M >= 5,5) gerados por essas falhas. A ocorrência desses eventos é compatível com a sismicidade regional conhecida, embora alguns dos paleossismitos indiquem um limiar superior para a magnitude dos sismos locais.

3. Características dos Fluidos Mineralizantes na Jazida de Lagoa Salgada, Faixa Piritosa Ibérica
L. Jaques ; F. Noronha (16 páginas)
Palavras Chave: Mineralizações tipo ‘VMS’; inclusões fluidas; Lagoa Salgada, Faixa Piritosa Ibérica.

Resumo: A jazida de Lagoa Salgada ocorre num contexto geológico particular da Faixa Piritosa Ibérica (FPI). A determinação das características dos fluidos mineralizantes permitem deduzir as condições P-T em que as mineralizações (maciças, disseminadas e de “stockwork”) de Lagoa Salgada se desenvolveram, contribuindo para um melhor conhecimento da sua génese.Realizaram-se estudos de inclusões fluidas e de química mineral, estes últimos incidindo sobre clorites em diferentes contextos texturais. Os resultados obtidos revelam a presença de fluidos aquosos, pouco salinos, aprisionados a pressões mínimas inferiores a 100 bar, sugerindo uma profundidade mínima, de coluna de água do mar, inferior a 1000 metros. A alteração hidrotermal implica a formação de clorite, que indica temperaturas de formação da ordem dos 400º C.

4. Contribuição para o Estudo dos Fluidos Associados a Sistemas Hidrotermais Pós-Hercínicos
A. Guedes ; F. Noronha (8 páginas)
Palavras Chave: Filões de quartzo, fluidos salinos, inclusões fluidas, Portugal.

Resumo: Os estudos petrográficos, microtermométricos e de lixiviados de inclusões fluidas realizadas em quartzos de filões encaixados em estruturas tardi-hercínicas revelaram que estes se formaram a partir de fluidos hipersalinos H2O-NaCl em condições P-T inferiores a 35 MPa e a 250º C. As razões Br/Cl e a elevada salinidade indicam que estes fluidos terão remanescido após a precipitação da halite subsequentemente à evaporação da água do mar. A semelhança entre os fluidos que constituem estes quartzos e fluidos hidrotermais documentados no Hercínico europeu leva-nos a propor que pelo menos parte da história destes filões seja tardi a pós-hercínica ou relacionada já com eventos alpinos.

5. Deformação Transcorrente nos Sectores Externos da Zona Sul Portuguesa; os Últimos Incrementos da Tectónica Varisca
C. Caroça ; R. Dias (8 páginas)
Palavras Chave: Orogenia varisca; deformação tardivarisca; Zona Sul Portuguesa; Costa Vicentina.

Resumo: O estudo da fracturação tardivarisca ao longo do litoral SW de Portugal permitiu evidenciar a predominância dos corredores de deformação subverticais NNE-SSW a NE-SW, os quais são considerados como uma segunda fase de deformação varisca (D2). A cinemátíca esquerda destes corredores, com uma componente de movimentação vertical negligenciável, pode ser posta em evidência quer através da distorção das estruturas variscas geradas em impulsos tectónicos anteriores (D1), quer através das estruturas contemporâneas da movimentação. Com efeito, estas zonas encontram-se sublinhadas por dobramentos D2 en échelon com urna orientação NE-SW a ENE-WSW. Associada a estes dobramentos encontra-se frequentemente uma clivagem de crenulação que ou se apresenta de plano axial ou transectando as dobras de uma forma esquerda.O padrão de fracturação agora descrito parece sugerir a existência de uma importante zona de cisalharnento esquerda ao longo da linha de costa do SW de Portugal, que está sublinhada por fracturas secundárias e dobramentos menores contemporâneos. A rotação que o material magmático intruído ao longo da falha da Messejana apresenta, quando se aproxima do litoral, parece indicar que esta zona de cisalhamento será importante à escala crustal.

A génese destas fracturas pode ser explicada por um modelo de dominó induzido pela actuação de planos de anisotropia à escala orogénica com uma orientação E-W.

6. Enregistrements d’Une Activité Sismo-Tectonique dans les Alluvions Holocènes de la Basse Moulouya (Maroc du NE)
Hamid Zarki ; Christian Beck ; Jean-Jacques Macaire (8 páginas)
Palavras Chave: Baixo Moulouya, baixo terraço, ‘seismites’, deformações sedimentares, Holocénico, Nordeste marroquino.

Resumo: Os aluviões holocénicos do Baixo Moulouya possuem uma série de estruturas de deformação precoce nos materiais sedimentados, ainda impregnados de água devido a liquefacção / “thyxotropy”. Estas estruturas que são muito diversas (figuras de escape de líquido, “boudinage”, “ball and pillow”, dobras e fissuras…) correspondem a episódios essenciais da deformação induzida durante o aluviamento que produziu o terraço mais baixo. Não podem ser explicados por simples movimentos de gravidade dado que se desenvolveram sob superfícies horizontais ou sub-horizontais. Aquelas estruturas foram preferencialmente registadas em depósitos finos: silts e argilo-siltitos da planície de inundação que caracteriza o banco esquerdo do terraço mais baixo. Estas morfologias deformacionais são análogas às geradas pelos sismos actuais assim como às obtidas através da experimentação com materiais semelhantes. São, assim, interpretadas em termos de sismitos.

7. Estudo de Paleofluidos em Rochas Metamórficas Hercínicas
A. Guedes ; F. Noronha (15 páginas)
Palavras Chave: Inclusões fluidas; litologias grafitosas; metamorfismo; Portugal.

Resumo: Com o objectivo de identificar e caracterizar os fluidos associados a rochas metamórficas, foram estudadas inclusões fluidas em veios de quartzo concordantes com a foliação metamórfica, em litologias grafitosas e não-grafitosas de áreas com diferente grau de metamorfismo. O estudo revelou múltiplos eventos de circulação de fluidos de composições variadas, pertencentes ao sistema C-H-O-N-sais. Durante o metamorfismo foram aprisionados H2O-CO2-N2-NaCl e H2O-CH4-N2-NaCl em inclusões primárias em quartzos sinmetamórficos. As condições P-T obtidas para a área de Valongo foram T de 350º C e P superiores a 100 MPa, para a área a oeste da falha Verin-Chaves-Vila Pouca de Aguiar (VPAO) de P = 300-350 MPa e T ~ 500º C e para a área este da falha Verin-Chaves-Vila Pouca de Aguiar (VPAE) de 250 MPa e 450º C. As condições P-T para os fluidos H2O-CO2-CH4-N2-NaCl aprisionados em inclusões secundárias, que preenchem fracturas discretas nos grãos de quartzo, indicam que estes foram aprisionados entre pressões litostáticas e hidrostáticas durante o período de distensão associado à orogenia hercínica e à instalação dos granitos de duas micas sintectónicos. Algumas indicações sugerem a existência de imiscibilidade nestes fluidos. Os fluidos mais recentes H2O-NaCl e H2O-NaCl-CaCl2 que foram aprisionados em inclusões secundárias tardias são os únicos não relacionados com o metamorfismo e foram aprisionados após D3 a relativamente baixas condições P (hidrostáticas) -T.Os fluidos aquo-carbónicos, H2O-CO2-N2-NaCl, H2O-CH4-N2-NaCl e H2O-CO2-CH4-N2-NaCl, presentes nos quartzos das litologias grafitosas e não-grafitosas parecem ter uma origem e evolução comuns. Estes fluidos apresentam fraca salinidade, podendo esta última estar de algum modo ainda relacionada com águas contemporâneas da sedimentação que foram diluídas pelas águas provenientes da desidratação dos minerais hidratados durante o metamorfismo.

Os fluidos aquo-carbónicos mais ricos em CH4 encontram-se dominantemente associados às litologias grafitosas. Por sua vez, os fluidos mais ricos em CO2 foram encontrados nas áreas de baixo e de médio grau de metamorfismo (Valongo/VPAE e VPAO, respectivamente), pelo que pensamos que tal não resulta do grau de metamorfismo mas sim, no caso de VPAO/VPAE, da natureza do encaixante (litologias não-grafitosas) e, no caso de Valongo, da existência de fugacidades de oxigénio mais elevadas.

8. Interesse Patrimonial dos Aspectos Geológicos e Geomorfológicos da Região de Aveleda-Baçal (Parque Natural de Montesinho, NE de Portugal)
C. Meireles ; D. Pereira ; M. I. C. Alves ; P. Pereira (13 páginas)
Palavras Chave: Nordeste de Portugal, Montesinho, controlo litológico, controlo tectónico, património geológico, geomorfologia, geossítios.

Resumo: O Parque Natural de Montesinho (PNM) fica situado no Nordeste de Portugal, abrange a parte norte dos concelhos de Vinhais e Bragança e engloba as serras da Coroa e Montesinho. Geologicamente o PNM situa-se nas unidades autóctones da Zona Centro Ibérica e nas unidades parautóctones e alóctones da Zona Galiza-Trás-os-Montes.Nesta primeira abordagem acerca do Património Geológico do PNM, faz-se a análise da região situada entre Aveleda e Baçal, cuja clareza das formas de relevo e a definição das relações com a geologia e com a tectónica, no seio de uma área protegida, são razões para a sua valorização. Assim, no presente trabalho descrevem-se e interpretam-se os aspectos geomorfológicos desta região. A partir de locais de observação estabelecidos é possível constatar que a região de Aveleda-Baçal corresponde ao bloco abatido de um graben controlado por falhas de orientação NNE-SSW, com destaque para a falha de Portelo que origina uma escarpa pelo soerguimento do bloco ocidental e abatimento a leste. No bloco ocidental deste acidente tectónico estão representados restos de uma superfície de aplanamento a cotas superiores a 900 metros (superfície de Espinhosela) e para norte a serra de Montesinho (1481 m), um bloco mais elevado de topos relativamente aplanados.

9. Le Magmatisme Terminal de la Chîne Hercynienne: Signification Géodynamique d’une Association Magmatique Identifiée dans le Carbonifère Terminal du Massif Hercynien Central Marocain
A. Ntarmouchant ; M. L. Ribeiro ; M. Dahire ; M. Ben Abbou ; Y. Driouch ; A. Boushaba ; M. E. Moreira ; J. M. F. Ramos (10 páginas)
Palavras Chave: Cadeia hercínica, meseta marroquina, margem activa.

Resumo: Na parte oriental do Maciço Hercínico Central de Marrocos afloram alguns filões intercalados em formações do Carbónico superior do Sudeste da bacia de Azrou-Kénifra. Estes filões instalaram-se paralelamente à estratificação e foram deformados por dobramentos associados aos cavalgamentos que controlaram a sedimentação, o que demonstra o seu carácter sintectónico. A sua composição química permitiu distinguir dois tipos de sequências magmáticas sobrepostas nas séries de Tariwalt e Talgarat, respectivamente de idades V3b e Namuriano-V3c, provável. A primeira inclui rochas básicas de carácter transicional e afinidade alcalina, enquanto a segunda possui uma assinatura calco-alcalina. Estas sequências magmáticas apresentam estreitas semelhanças petrográficas e geoquímicas com as que ocorrem em ambientes de margem activa.As assinaturas geoquímicas e a evolução magmática destas rochas são compatíveis com os dados tectono-sedimentares que caracterizam a bacia de Azrou-Kénifra como uma bacia desenvolvida em regime compressivo, integrada num sistema de “avant pays” determinado por sequências de cavalgamentos propagando-se para NW.

10. Les Bassins Lacustres du Moyen Atlas (Maroc): Un Example d’Activité Tectonique Polyphasée Associée à des Structures d’Effondrement
Said Hinaje ; Lahsen Ait Brahim (12 páginas)
Palavras Chave: Palaeostress, lagos, Neogénico, Quaternário, Médio Atlas, Marrocos.

Resumo: No Médio Atlas, podem encontrar-se mais de quarenta lagos (dayats) correspondentes a colapsos tectono-cársicos com preenchimentos de depósitos fluviolacustres. A análise da fracturação destes depósitos e do seu substrato jurássico permitiu caracterizar quatro episódios tectónicos principais responsáveis pela génese e evolução destas bacias fluviolacustres. O primeiro, datado do Miocénico superior, corresponde a um acidente extensivo NE-SW. O segundo, do Pliocénico médio a superior, a uma extensão NNW-SSE. Os dois últimos episódios são do Quaternário e correspondem a regimes extensivos com s3 horizontal e orientados N 120º, no Quaternário inferior a médio e N 80º no Quaternário médio a superior.

11. Les Dépôts Terrigènes du Callovien Inférieur et Moyen dans l’ Avant-pays Rifain Oriental (Maroc): Évolution Tectono-sédimentaire et Cadre Géodynamique Péri-téthysien
Aissa Masrour ; Yves Hervouet (17 páginas)
Palavras Chave: Delta, Turbiditos, Caloviano, Antepaís oriental rifeano, Fossa ‘telliana’, Geodinâmica, ‘Tethys’ magrebino.

Resumo: O episódio terrígeno do Jurássico médio a superior da margem norte-africana está relacionado com a evolução das fossas submarinas péri-tétesianas: a fossa “tlemceniana” e a fossa “rife-telliana”. A primeira fechar-se-á rapidamente no final do Oxfordiano enquanto a segunda evolui para uma bacia alpina. Pelo antepaís oriental rifeano de Terni-Masgout, que constituía a parte ocidental da fossa “tlemceniana”, passou importante descarga siliciclástica vinda do Sara para a bacia rifeana. No Caloviano inferior e médio, os depósitos de dominância argilosa correspondem ao paroxismo da individualização da fossa “tlemceniana”, com subsidência superior à taxa de sedimentação. A esses depósitos, compostos de argilas com passagens areníticas e siltíticas, médio a prodeltaicas, segue-se a sedimentação turbidítica que vai constituir um cone submarino progradante. No Caloviano, superior – Oxfordiano superior, os sedimentos são dominantemente areníticos e correspondem ao enchimento da fossa “tlemceniana” por um complexo deltaico e, depois, ao seu desaparecimento; a taxa de sedimentação é, então, nitidamente mais elevada que a de subsidência. No Caloviano, a evolução tectonosedimentar do antepaís refeano oriental, vizinho da bacia neo-alpina rifeana, integra-se no contexto da abertura tetisianana do Mediterrâneo ocidental.

12. Les Granitoides Hercyniens: Cas du Complexe de la Haute Moulouya (Meseta Orientale, Maroc) et ses Associations Shoshonitique à Peralumineuse
M. Dahire ; M. L. Ribeiro ; A. Ntarmouchant ; A. El Boukhari ; J. Pons ; Y. Driouch ; M. Ben Abbou ; E. Moreira (16 páginas)
Palavras Chave: Cadeia hercínica, Meseta oriental marroquina, granitóides, sequência shoshonítica, sequência calco-alcalina, subducção.

Resumo: O Complexo granitóide do Alto Moulouya intruiu em sequências metassedimentares paleozóicas da Meseta Oriental marroquina.É constituído por rochas pertencentes a três sequências magmáticas diferentes: a primeira, que integra as rochas mais básicas (dioritos a granodioritos), é shoshonítica; a segunda, incluindo granitos biotíticos em zonação normal, calco-alcalinos; a terceira, provavelmente contemporânea da segunda, consiste em granitos de duas micas e granitos com cordierite associados a sequências migmatíticas e possui carácter alumino-potássico.

A geologia, a petrografia e a geoquímica das rochas deste Complexo permitem sugerir possíveis fontes magmáticas e propor um modelo petrogenético regional. As rochas da primeira associação são provavelmente originárias da fusão parcial do manto litosférico, modificado por acção de uma placa oceânica subductada. Os líquidos resultantes terão sofrido processos de ACF, dando origem à actual variabilidade de fácies. A segunda associação poderá ter derivado da parcial fusão da crusta inferior promovida pelos basitos anteriormente acumulados em regime de “underplating”, na base desta. Processos de cristalização fraccionada e contaminação crustal dos líquidos originais explicariam a actual diversidade de fácies. A ascensão crustal dos magmas, que produziram os granitos biotíticos, terá induzido a fusão parcial dos sedimentos crustais nas suas imediações, da qual resultaram líquidos peraluminosos originários da terceira associação.

13. Litostratigrafia das Séries Margo-Calcárias do Jurássico Inferior da Bacia Lusitânica (Portugal)
L. V. Duarte ; A. F. Soares (20 páginas)
Palavras Chave: Litostratigrafia, Margo-calcários, Jurássico inferior, Bacia Lusitânica, Portugal.

Resumo: São apresentadas formalmente as unidades litostratigráficas do Jurássico inferior margo-calcário (acima da Formação de Coimbra) da Bacia Lusitânica. Estas unidades são justificadas através de uma definição estratigráfica e de uma caracterização sedimentar de acordo com os Guias Internacionais de Nomenclatura Estratigráfica. 0 óptimo controlo biostratigráfico de amonites para estas formações, disponível na maioria dos sectores da Bacia Lusitânica, permite uma boa correlação e a apresentação de um quadro representativo à escala de toda a bacia. Este contempla as seguintes unidades: Formação de Água de Madeiros (Sinemuriano superior), Formação de Vale das Fontes (Carixiano inferior-Domeriano inferior), Formação de Lemede (Domeriano superior-base do Toarciano) e Formação de S. Gião (Toarciano inferior a superior). As características sedimentares próprias do Toarciano nas regiões de Tomar e de Peniche impõem a definição, respectivamente, das Formações do Prado (Toarciano-Aaleniano inferior) e do Cabo Carvoeiro (Toarciano-Aaleniano/Bajociano?). Algumas das formações são subdivididas em vários membros, com limites definidos à escala da subzona.

14. Lower Devonian Benthic Faunas from the Barrancos Area (Ossa Morena Zone, Portugal) and their Paleobiogeographic Affinities
J. Le Menn ; R. Gourvennec ; Y. Plusquellec ; J. M. Piçarra ; Zélia Pereira ; M. Robardet ; J. Tomás Oliveira (20 páginas)
Palavras Chave: Crinóides, corais tabulados, braquiópodes, Devónico inferior, afinidades paleobiogeográficas, Zona de Ossa Morena, Portugal.

Resumo: Investigações recentes na região de Barrancos, no Sudeste de Portugal, forneceram novos dados para o conhecimento do Devónico inferior, neste segmento da parte portuguesa da Zona de Ossa Morena.A formação do Monte das Russianas, datada do Praguiano-Erasiano inferior, é equivalente lateral da parte superior da Formação dos Xistos Raiados da Faixa das Mercês, assim como da parte média da Formação de Terena. Esta situação altera significativamente o esquema anterior admitido para a evolução geodinâmica da área mais ocidental da Zona de Ossa Morena.

A escassez de faunas bentónicas nos níveis mais baixos do Devónico, representados pela Formação dos Xistos Raiados, contrasta com as associações de braquiópodes, crinóides e corais do Praguiano e Erasiano inferior da Formação do Monte das Russianas, permitindo concluir que há claras afinidades paleobiogeográficas entre a região de Barrancos e outras áreas da margem norte de Gondwana (Celtibéria, Maciço Armoricano, Kellerwald).

15. Neoproterozoic-Paleozoic Tectonic Evolution of the Coimbra-Cordoba Shear Zone and Related Areas of the Ossa-Morena and Central-Iberian Zones (Northeast Alentejo, Portugal)
M. Francisco Pereira ; J. Brandão Silva (16 páginas)
Palavras Chave: Tectónica cadomiana e varisca, soco cadomiano, zona de cisalhamento de Coimbra-Cordoba, orógeno transcorrente, Nordeste Alentejano.

Resumo: No Nordeste alentejano (Maciço Ibérico, Portugal) onde se localiza o limite entre as Zonas Centro-Ibérica (ZCI) e Ossa-Morena (ZOM) pode ser observado, por estar bem preservado, o registo estratigráfico Neoproterozóico-Câmbrico inferior (soco cadomiano). A estratigrafia dos domínios setentrionais da ZOM está caracterizada pela presença de uma sequência do Neoproterozóico designada por Série Negra afectada por deformação D1 e metamorfismo M1 anteriores à deposição discordante de (1) um complexo vulcano-sedimentar félsico do limite neoproterozóico-câmbrico inferior e/ou por (2) uma sequência detrítica e carbonatada atribuída ao Câmbrico inferior. Estas duas discordâncias sedimentares são interpretadas como o testemunho de instabilidade tectónica no período neoproterozóico-câmbrico inferior. Nos domínios meridionais da ZCI, a Série Negra apresenta a topo e em discordância uma sequência ordovícica que se inicia por uma série vulcano-clástica félsica do Tremadociano, passando a sequências de plataforma de idade arenigiana a ashgiliana.A variabilidade com que a deformação varisca D2 e o metamorfismo M2 transpuseram o soco cadomiano e as rochas sedimentares e ígneas do Paleozóico dentro da zona de cisalhamento de Coimbra-Cordoba (ZCCC) permitiu o reconhecimento de diferentes unidades tectono-metamórficas.

A estrutura interna da ZCCC, bem como as suas margens reflectem o efeito de uma história contínua de deformação que produziu uma foliação bastante inclinada com direcção N40/60 com uma lineação de estiramento sub-horizontal associada. Apesar de ambas as sequências (nas margens ou no interior da ZCCC) terem sofrido as mesmas etapas de deformação D2, as rochas da ZCCC foram deformadas a profundidades consideráveis e sujeitas a metamorfismo M2 de grau intermédio a alto, enquanto nas suas margens o metamorfismo M2 atingiu condições de baixo grau. Dobras isoclinais F2 com eixos subparalelos à lineação de estiramento L2 são características desta importante zona de cisalhamento transcorrente. Estas dobras evoluíram, através dum processo de deformação contínua, de dobramento amplo para dobras apertadas com flancos muito inclinados como resultado de transporte tectónico subparalelo à direcção do orógeno transcorrente. As primeiras estruturas D2 a serem geradas sofreram posteriores reajustamentos por sobreimposição de basculamentos e dobramentos localizados. O cenário estrutural e metamórfico complexo desta importante zona de cisalhamento transcorrente é interpretado como resultante de uma sequência de eventos tectono-térmicos, associados a uma evolução tectónica contínua desde o Neoproterozóico ao Paleozóico superior.

16. O Triásico da Ponta Ruiva (Sagres): Um Fenómeno Localizado na Bacia Mesozóica Algarvia
R. Dias ; C. Ribeiro (11 páginas)
Palavras Chave: Triásico; Atlântico; Costa Vicentina; SW Portugal.

Resumo: O estudo detalhado da estrutura exposta na Praia da Ponta Ruiva (Sagres), afectando sedimentos triásicos e o substrato carbónico, permite evidenciar um intenso controlo da sedimentação pelo rejogo de acidentes herdados da orogenia varisca. Durante a evolução do Atlântico Norte e do mar de Tethys os acidentes hercínicos rejogam como falhas normais gerando bacias restritas que são colmatadas pelos sedimentos triásicos provenientes do arrasamento do orógeno varisco. Este controlo da sedimentação pela tectónica neste sector leva à necessidade de reconsiderar a ideia de que os depósitos triásicos são contínuos desde a zona de Sagres ao longo de toda a Bacia Algarvia. Desta forma a grande dispersão das direcções de paleocorrentes, evidenciada na área de Sagres, pode ser explicada pelo facto da sedimentação triásica ter ocorrido em bacias restritas no SW algarvio.

17. Overview of Microfossil Assemblages and Paleoecological Signatures in the Middle-Upper Jurassic Transitional Successions from the Lusitanian Basin, Portugal
Ana C. Azerêdo ; M. Cristina Cabral ; Miguel M. Ramalho ; R. Pereira (23 páginas)
Palavras Chave: Micropaleontologia; paleoecologia; fácies; Jurássico Médio-Superior; Bacia Lusitânica; Portugal.

Resumo: As séries associadas à desconformidade Jurássico médio-Jurássico superior na Bacia Lusitânica (Portugal), em especial as da formação de Cabaços (Oxfordiano), contêm ricas associações de microfósseis. Estas são constituídas, especialmente, por ostracodos e carófitas, mas também por foraminíferos bentónicos, dasicladáceas, cianobactérias, Incertae-sedis e palinomorfos. Estudos pormenorizados recentes, abrangendo diversas zonas da bacia, permitiram melhorar significativamente os conhecimentos relativos à Sistemática dos diferentes grupos, em particular dos ostracodos e das carófitas, bem como reconhecer associações com significado paleoecológico, da base para o topo das sequências. As associações reconhecidas mostram variações na diversidade e na abundância relativa, as quais parecem estar relacionadas com o teor e a frequência de variação da salinidade e com o grau de exposição subaérea. A conjugação dos resultados micropaleontológicos com os da análise de fácies, à escala bacinal, demonstrou que a evolução dos paleoambientes e as assinaturas paleoecológicas regionais, claramente relacionadas, definem dois padrões, um característico da região oeste e outro da região leste da bacia.Neste trabalho apresenta-se uma síntese dos principais resultados relativos a ostracodos, foraminíferos, dasiciadáceas e carófitas e fazem-se considerações palcobiogeográficas e biostratigráficas. As associações de fácies e respectiva distribuição na bacia são também sucintamente referidas.

18. Primary Gold Deposits in Portugal – “Mesothermal” or Epithermal?
Carlos M. C. Inverno (6 páginas)
Palavras Chave: Epitermal; ‘mesotermal’; associado a intrusão; ouro; jazigos; Portugal.

Resumo: Os conceitos de jazigos de ouro epitermais, “mesotermais” e associados a intrusões são brevemente revistos. A sua possível aplicação a jazidas e ocorrências de ouro primárias em Portugal nas zonas de Ossa Morena, Centro-Ibérica e de Galiza-Trás-os-Montes é analisada.

19. Unidades Litostratigráficas do Terciário no Baixo Alentejo Ocidental (Bacia do Sado, Portugal)
N. L. V. Pimentel (14 páginas)
Palavras Chave: Terciário; Portugal meridional; bacia do Sado; Litostratigrafia; Sedimentologia.

Resumo: O preenchimento terciário da bacia do Sado (Baixo Alentejo ocidental, Portugal) é constituído por 5 unidades litostratigráficas formais (Formações), definidas com base em critérios de campo e nas características sedimentológicas dos depósitos (essencialmente siliciclásticos). Para cada Formação é apresentado: referências anteriores, extensão e espessuras, corte de referência, descrição litológica, definição dos limites, organização vertical e lateral, interpretação deposicional e atribuição cronostratigráfica. No final é apresentada uma síntese da evolução tectono-sedimentar da bacia cenozóica do Sado no seu contexto regional.

20. Utilização de Diferentes Técnicas Analíticas na Caracterização de Matéria Orgânica Dispersa em Metassedimentos do Paleozóico Inferior
A. Guedes ; F. Noronha (11 páginas)
Palavras Chave: Matéria orgânica; grafitização; metamorfismo; Paleozóico inferior; Portugal; Petrografia Orgânica; Espectroscopia Raman; Difracção de raios X.

Resumo: Foram estudados por diferentes métodos concentrados orgânicos de unidades ricas em matéria orgânica provenientes de áreas com diferentes graus de metamorfismo. Procedeu-se ao estudo por medidas de poder reflector, micro-espectroscopia Raman e difracção de raios X. Os concentrados contêm vários tipos de material orgânico que diferem na morfologia, textura, reflectância e características Micro-Raman e de difracção de raios X.A técnica analítica que se revelou mais sensível à variação do grau de metamorfismo de cada uma das áreas estudadas foi a Petrografia Orgânica, em particular a medição do poder reflector. As análises de micro-espectroscopia Raman e de difracção de raios X não discriminaram, pelo menos no caso estudado, áreas com grau distinto de metamorfismo. Porém, a técnica que se revelou mais sensível à detecção da cristalinidade/grau de grafitizaçâo atingida pela matéria orgânica foi a micro-espectroscopia Raman, uma vez que a partir da identificação e desenvolvimento dos picos O, D e S, obtivemos informações pontuais relativamente à presença de grafites mais ou menos ordenadas e à distância interplanar. Já a Petrografia Orgânica permitiu distinguir os diversos tipos de matéria orgânica, através da caracterização óptica e, por sua vez, através do poder reflector, a variação de reflectância entre os diversos tipos. Finalmente, as análises de difracção de raios X, uma vez que representam dados estatísticos médios, não revelam modificações em partículas individuais que, todavia, podem ser reconhecidas ao microscópio óptico, pelo que esta análise é mais relevante quando as amostras só contêm um tipo de matéria orgânica, ou seja, este tipo de análise é sobretudo importante quando complementada com a análise petrográfica.

21. Why Study the History of Geology? And Why are Archives Important?
David Oldroyd (13 páginas)
Palavras Chave: História, geociências, tradição, crescimento da ciência, arquivos, Shils, De Solla Price, educação, compreensão.

Resumo: Neste artigo são propostas, exemplificadas e discutidas catorze razões que podem levar ao estudo da história da ciência e, em especial, as geociências, bem como a preservação dos arquivos: 1. O aperfeiçoamento intelectual e humano dos cientistas e das pessoas em geral; 2. O evitar a repetição desnecessária de trabalho; 3. A clarificação de noções básicas; 4. A disponibilização de ideias que podem auxiliar na investigação; 5. A promoção da educação em geral e da científica em particular; 6. A homenagem a cientistas do passado; 7. A correcta atribuição de descobertas; 8. A ilustração de teorias gerais da história ou do desenvolvimento da sociedade; 9. O nacionalismo; 1O. A compreensão da história das ideias, etc.; 11. A disponibilização de informação útil aos filósofos da ciência; 12. A disponibilização de informação técnica, útil para a resolução de problemas científicos actuais; 13. A educação científica; 14. O facto de ser uma actividade intelectual plena de desafios.A discussão situa-se no contexto das ideias acerca da formação e desenvolvimento de tradições (de SHILS), e do modelo de crescimento da ,ciência (de DE SOLLA PRICE). É dado um ênfase especial à importância de preservar a herança intelectual da ciência em museus e arquivos. A manutenção de arquivos acessíveis é considerada um elemento da maior importância para a existência de “sociedades abertas”.


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