Ir para conteúdo
PT EN LOGIN LOGIN
secas-e-ondas-de-calor-prejudicam-nao-so-eletricidade-hidroeletrica-mas-tambem-do-solar-fotovoltaico-e-eolico-no-mediterraneo

Secas e ondas de calor prejudicam não só eletricidade hidroelétrica, mas também do solar fotovoltaico e eólico no mediterrâneo


Secas e ondas de calor prejudicam não só eletricidade hidroelétrica, mas também do solar fotovoltaico e eólico no mediterrâneo
alarmData de Publicação: 28 agosto, 2023
Categoria: Investigação , Notícias Internacionais

Um estudo pioneiro do LNEG quantificou o impacto de eventos climáticos extremos (secas, inundações, ondas de calor, ondas de frio e tempestades) na produção de eletricidade na União Europeia (UE), Reino Unido e Noruega (UE+) ao longo dos últimos 30 anos (1990-2019).

Ainda não há conhecimento científico detalhado sobre qual o impacto dos eventos climáticos extremos na geração de eletricidade à escala nacional. Estes podem afetar gravemente o fornecimento de eletricidade, interrompendo a sua geração, transporte e distribuição, entre outros impactos. O estudo aplicou métodos estatísticos com base em 320 eventos climáticos extremos da base de dados EM-DAT (The International Disaster Database) e que causaram danos humanos/económicos significativos nos países da UE+ nos últimos 30 anos. A informação foi combinada com dados de output anual de eletricidade para diversos grupos de tecnologias (centrais termoelétricas a carvão e a gás, centrais eólicas, hidroelétricas e solar PV) nos vários países da UE+ nesse período.

Constatou-se que ao longo dos últimos 30 anos os eventos climáticos extremos tiveram um impacto significativo no output de eletricidade à escala anual que foi suficientemente relevante para se fazer sentir ao nível da UE+ como um todo. Já era conhecido o impacto em algumas centrais em locais específicos e em períodos curtos de tempo (ex. algumas semanas ou meses), mas não se conhecia o efeito para países ou regiões à escala anual.

Verificou-se que à escala da UE+ as centrais hidroelétricas são as principais impactadas. Em anos com inundações verificou-se um aumento médio do seu fator de carga anual em +7,0%. Em anos com tempestades, o aumento é de +5,8%. Pelo contrário, em anos de secas/ondas de calor há uma redução de -6,5%. No que respeita ao solar PV, verificou-se que em anos com ondas de frio há uma redução do fator de carga das centrais solares da UE+ como um todo de -4,5%.

Os impactes são diferentes ao longo do território da UE+. Por exemplo, foi apenas nos países mediterrâneos que se verificou que a capacidade instalada de parques eólicos é menos utilizada durante anos de seca/ondas de calor (-3,5% em média).

Por fim, foi possível concluir que o impacto dos eventos extremos na produção de eletricidade tem vindo a aumentar ao longo dos últimos 30 anos. Se analisarmos os vários anos com secas ou ondas de calor entre 1990-2019 verificamos que há uma redução crescente de -3,0% para as turbinas eólicas no Mediterrâneo. Por outras palavras, de um ano de seca/onda de calor para um outro ano com esse evento há, em média, uma redução de -3,0% no fator de carga. Ainda no Mediterrâneo este agravamento também é sentido ao nível das centrais hidroelétricas para anos com secas (-5,5%) e das centrais solares fotovoltaicas para anos com ondas de calor (-3,7%).

O  estudo completo: Brás, T.A., Simoes, S.G., Amorim, F., Fortes, P. (2023) How much extreme weather events have affected European power generation in the past three decades? Renewable and Sustainable Energy Reviews Journal (183) 113494. https://doi.org/10.1016/j.rser.2023.113494

Nota de imprensa | Secas e ondas de calor prejudicam não só geração de eletricidade hidroelétrica mas também do solar fotovoltaico e eólico no mediterrâneo